A Nadadora

Estamos nos anos 90 na Costa da Morte. A jovem Nico vai frequentemente caçar percebes com o pai, Tano, um viciado em heroína que sobrevive do tráfico e da caça furtiva e que partilha parte dos lucros com ela. Nico guarda este segredo porque os tios, com quem vive desde que a mãe a abandonou em criança, depois de se ter envolvido com drogas, nunca o aprovariam. Por vezes, Nico perde a consciência. Um zumbido estranho invade-lhe a mente, tudo fica negro e ela desmaia. Depois acorda noutro lugar, sem se lembrar de como lá chegou. Mas quase sempre, nessa escuridão, surgem imagens e sensações muito claras. Um dia, enquanto pescava nas rochas com o pai, Nico sofre um desses apagões e tem uma visão do fundo do mar. Há muito tempo que isso não lhe acontecia. Nico pede ao pai que não diga nada aos tios, pois não quer que eles lhe dificultem a vida. Especialmente porque, nessa mesma noite, Nico vai fugir. Há anos que anda a poupar para deixar a aldeia e chegou o momento de concretizar o seu plano. Quando tem tudo pronto, descobre que o pai lhe roubou todas as poupanças. Sem o dinheiro para a viagem, Nico fica sem saída. Tudo parece desmoronar-se quando uma autocaravana aparece na praia. Nico ainda não sabe, mas a autocaravana é de Elsa, a sua mãe, que regressou à aldeia depois de tantos anos. E parece que ela não está sozinha. Entre as ondas, uma rapariga da idade de Nico nada quase nua. É assim que A NADADORA, uma rapariga misteriosa que diz viajar na autocaravana com Elsa, aparece na sua vida. As duas jovens estabelecem uma relação de cumplicidade, embora Nico não perceba bem quem ela é, se tudo o que lhe diz é verdade e se pode confiar nela. Para levar a cabo o seu plano e fugir definitivamente da aldeia, Nico terá de encontrar o pai e lidar com o regresso da mãe, que ele rejeita por a ter abandonado. Nesta dupla jornada, Nico entrará num mundo cada vez mais sombrio. A Nadadora, que emergiu das profundezas e que parece não ter medos nem apegos, será para Nico uma espécie de espelho que lhe permitirá desvendar o seu passado e reconciliar-se com a sua mãe. E, ao mergulhar nessas profundezas, Nico descobrirá que as ausências que ao princípio a oprimiam, têm um potencial que lhe permitirá sentir-se mais forte e menos sozinha.